sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Carnaval

                  Talvez a beleza me remeta a uma tristeza leve.
                Uma tristeza boa em ser sentida. O umedecer do olhar.
                Uma quase alegria no entristecer.
                Sinto-me assim quando alguma coisa ou alguém se desprende de sua casca e mostra ao mundo o quanto se pode ser belo.
                Não me refiro à beleza requintada dos renascentistas, nem à beleza rebuscada dos pichadores.
                Não me refiro à beleza (que certamente existe) dos carros de luxo, das mansões impossíveis (em minha vida), dos chalés suntuosos na paisagem exuberante das serras.
                É difícil até mesmo definir o que tento dizer agora.
                Essa tristeza alegre e doce talvez possa se chamar amor.
                A beleza está nos olhos e não nas coisas. Amamos mais o desejo que o objeto.
                Aguardo sua presença. Aguardo seu olhar. Sinto-me feliz em poder esperar.
                Sinto-me triste por esperar.
                Por não saber lidar com o belo, talvez me aborreça sempre.
                Por não saber lidar com a simplicidade, arrume tanta confusão.
                Estou triste e feliz. Não sei há quantas horas, não sei por quanto tempo.
               

                Que venha o carnaval!

                                                                                    Rafael Freitas



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