segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Tempestade

Foi uma chuva incessante
Tempestade de emoções
Talvez a água que faltava
Pra algo florescer
Molhei com lágrimas e soluços
O árido e solitário deserto
Que vive desde sempre em mim
Desde sempre, enfim
Tenho boas causas
Maus hábitos talvez
E poucos bens ou maus
Mas o sabor do sal
Não vou mais esquecer
Pra poder sempre lembrar
Que o deserto do mundo
Também habita em mim.

                                      Rafael Freitas


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pode ser simples

Quero de novo ir embora pra não mais voltar
Quero café com torradas, bolachas com chá
Quero dizer minhas verdades passíveis de erro
Quero cantar vida nova seguindo um enterro
Quero suas fotos num quadro no quarto ao lado
Não quero dividir meu espaço com tempo passado
Quero minhas meias sujas no mesmo lugar
Quero as coisas inteiras pra despedaçar
Não quero acordar chateado por ter nada feito
Quero a sala arrumada e paz no meu peito
A grama que não me agrada não vou mais regar
A merda do cão do vizinho não vou mais limpar
Quero poder pensar longe sem ter viajado
Quero viagem com malas, não embriagado
Sou passageiro que passa e não pode parar
E sigo olhando a vidraça sem me desviar
Deixo meus olhos molhados no porta-retrato
Deixo minha pele, meus órgãos, minha história, meu tato.

                                                                     Rafael Freitas